terça-feira, 28 de julho de 2009

Escola rural
Neusa Sorrenti


O salão grande, varrido
com vassoura de alecrim,
se apronta todo cheiroso
para receber os meninos
que pulam
como arlequins.

Crianças de todo lado
chegam nas asas do vento.
São como flores do campo:
rudes, belas e atentas,
mastigando o pensamento.

Pés meios sujos de barro,
roupa lavada com anil
e um cheirinho faceiro
que a agente sente, de longe
como o das rosas de abril.

A mestra faz cara séria,
ronda os bancos, prende o ar
ao ver as mãos vacilantes,
errantes na folha branca
tentando fazer o A.

No recreio, farelinhos
das broinhas de fubá
brinham entre arcos
e cordas
com as bolinhas de gude
até o sino tocar.

Quem me dera se eu pudesse
percorrer a mesma estrada,
voltar ao salão da escola
pra ter medo do ditado
e sofrer
com a tabuada...

Um comentário:

Daiane Rossi disse...

estudei em uma escola rural todo meu ensino fundamental.. e é bem o q está relatado.. saudades daqueles pés sujos de barro..dos farelos de bolo de fubá.. do ar puro que sentiamos nas ed. fisica..o sino tocando..os cachorros que invadiam a sala as vezes..os incetos que nos pegavam em baixo das arvores onde fazíamos casinha de boneca..
bons tempos..